sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Superman: O Legado das Estrelas

Quem é fã de quadrinhos de super-heróis, sabe como é difícil encontrar boas histórias do Superman. O personagem é poderoso demais e às vezes parece que os roteiristas ficam meio sem saber o que fazer, não sabem como criar desafios para o herói, nem trabalhar sua mitologia. Felizmente, isso é válido mais para as séries mensais do herói (se bem que o Geoff Johns vem fazendo um excelente trabalho), já que em minisséries fora da cronologia o personagem geralmente tem boas histórias, como em All-Star Superman, de Grant Morrison. E foi uma dessas séries que chamou minha atenção recentemente: O Legado das Estrelas, escrita pelo roteirista Mark Waid (o mesmo do clássico O Reino do Amanhã) e ilustrada por Leinil Francis Yu. A história foi originalmente publicada em 12 partes, entre os anos 2003 e 2004, mas só agora tive a oportunidade de ler esta obra, em um encadernado lançado em 2006 pela Panini.

Nessa maxissérie, Mark Waid reconta a origem do homem de aço, trazendo de volta elementos clássicos do Superman pré-crise, que foram apagados por John Byrne na sua reformulação após Crise nas Infinitas Terras, em 1985. Entre esses elementos estão a amizade entre Clark Kent e Lex Luthor, na adolescência, e o fato de Kal-El já ter poderes desde a infância. Além disso, na versão de Byrne, Krypton é mostrado como um planeta frio e sem emoções e o Superman não tem nenhuma ligação afetiva com o planeta. Já em Legado das Estrelas, Krypton alcançou a paz depois de vários anos de guerra, é mostrado quase como um paraíso perdido, e o Super vive querendo descobrir mais sobre sua herança.

A história começa mostrando o momento em que Jor-El e Lara enviam o pequeno Kal-El para a Terra, na esperança de que ele sobreviva após a destruição de Krypton. Antes de colocar o bebê na nave, Lara o enrola em u
m pano azul e vermelho, contendo a insígnia da família El, o S vermelho, além de colocar junto dele um livro contendo toda a história do planeta. Após o foguete cair em Smallville, a história dá um salto e vemos Clark Kent, com 25 anos de idade, na África para escrever uma matéria sobre um candidato ao senado que sonha com o dia que sua tribo não será mais escrava. E é em meio a alguns atentados e tragédias que o jovem Clark resolve que precisa dar um jeito de usar seus poderes para ajudar as pessoas, mas sem ser reconhecido. Ele volta então para Smallville, onde cria o uniforme de Superman e o disfarce de rapaz tímido. Na origem contada por Byrne, Clark Kent era a verdadeira personalidade do herói e cheio de auto-confiança, bem diferente da proposta original de quando o personagem foi criado. Além de trazer de volta o Clark tímido e atrapalhado, Mark Waid mostra o porque dos óculos funcionarem como disfarce. É uma explicação meio besta, mas tudo bem.

A partir daí, ve
mos o azulão chegando em Metrópolis e tendo seu primeiro contato com Lois Lane, Jimmy Olsen e Perry White, além de se reencontrar com seu amigo de infância Lex Luthor. A história entre Luthor e Clark é contada através de flashbacks, que explicam o porque do vilão ser obcecado por extraterrestres. Na época do lançamento da série, lembro de ter visto gente reclamar alegando que a DC estaria colocando coisas do seriado Smallville só para atrair mais leitores. Mas a verdade é que a amizade entre Clark e Lex é algo da mitologia pré-crise, a única diferença é que o vilão era amigo do Superboy e não de Clark. E por falar em retorno às origens, Mark Waid escreve um Superman um pouco mais violento do que estamos acostumados, lembrando que nas primeiras histórias do homem de aço ele não tinha o menor pudor em espancar bandidos que não tinham poderes. Em uma determinada cena de Legado das estrelas, o Superman atira na direção de um bandido a apanha a bala pouco antes dela acertar o rosto do sujeito, tudo para lhe mostrar como se sente uma pessoa que tem uma arma apontada bem na cara. É muito legal ver o Super agindo de forma diferente daquele escoteiro que estamos tão acostumados.

É claro que boa parte da história se concentra na luta do Superman contra Lex Luthor que, na falta de super poderes, começa uma campanha para desacreditar o azulão. Para isso, o vilão cria uma máquina capaz de enxergar o passado de Krypton e passa a usar as imagens de guerreiros kryptonianos para dizer que a Terra está prestes a ser invadida. É claro que Luthor também usa a Kryptonita contra o herói, afinal, não seria uma história do Superman se ñ tivesse a pedra verde. E o final é emocionante, dando a entender que Jor-El e Lara sabima desde o início que tudo daria certo para o filho deles.


Legado das Estrelas não é uma história revolucionária, não chega aos pés de All-Star Superman, mas agrada aos fãs de longa data do Superman, principalmente aqueles que, assim como eu, nunca gostaram das reformulações feitas pelo John Byrne. E pra quem nunca leu uma história sobre a origem do herói, essa pode ser um bom ponto de partida. Eu só senti falta mesmo foi da Fortaleza da Solidão. E é bom lembrar que, apesar de Legado das Estrelas não fazer parte da cronologia oficial do Superman, vários elementos mostrados na história estão voltando a fazer parte do universo do azulão. Geoff Johns tem escrito um Clark Kent tímido e a cidade engarrafada de Kandor voltou a aparecer na série mensal do herói. Além disso, a DC vai lançar uma nova origem do homem de aço, mostrando a sua juventude como Superboy e a amizade com Lex Luthor na adolescência, tudo com roteiros de Geoff Johns e desenhos de Gary Frank, na minha opinião o cara que nasceu para desenhar o Superman.

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